segunda-feira, 23 de julho de 2012

domingo, 22 de julho de 2012




Adorei Tiradentes, parece que a cada esquina toparemos com um bandeirante, ou um escravo. A cidade é recortada por uma rede de pequnas vielas, onde apenas os escravos circulavam para limpar as latrinas.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

 Augusto Nunes, um show de bola.

Sequestrado pelas Farc em 13 de outubro de 1998, Elkin Rivas sobrevive há quase 100 mil horas ao mais brutal dos cativeiros. Ele tinha 22 anos e era tenente da polícia colombiana quando foi capturado sem ter cometido qualquer crime e sentenciado, sem julgamento formal, a um tipo de horror que não tem prazo para terminar. Aos 34, não sabe quando ─ ou se ─ retomará a vida interrompida. Enquadrado na categoria dos “reféns políticos”, Elkin é um dos 13 remanescentes do grupo cuja soltura as Farc condicionam desde 2006 ao indulto de 500 narcoterroristas capturados pelo governo e condenados pela Justiça.

A interrogação sugerida no segundo parágrafo do post de 9 de agosto de 2010, reproduzido integralmente na seção O País quer Saber, foi desfeita à bala pouco mais de um ano depois. Em 26 de novembro de 2011, em meio a uma tentativa de resgate empreendida por soldados do exército, a tropa narcoterrorista cumpriu a lei da selva: antes de fugir, matou os quatro reféns que mantinha acorrentados. Um era civil. Entre os três militares estava o tenente Elkin Rivas, executado com três tiros na cabeça.
“O Brasil tem uma posição neutra sobre as Farc”, recitou Marco Aurélio Garcia desde o começo do governo Lula, para camuflar as relações de cumplicidade entre o Planalto e a organização narcoterrorista. Em 2010, orientados pelo Assessor Especial para Assuntos Internacionais, o presidente Lula e Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores, não se comoveram com o martírio imposto aos sequestrados por companheiros colombianos. Em 2011, também monitorados pelo conselheiro Garcia, Dilma Rousseff e o atual chanceler Antonio Patriota não disseram uma única palavra sobre o desfecho do drama.
O silêncio da dupla reafirmou a opção obscena por um tipo de neutralidade que iguala um governo constitucional e um bando de assassinos, o certo e o errado, a claridade e a treva. E mostrou que era Garcia o chanceler de fato. Era e é, berra o desembaraço com que vem agindo o professor de complicações cucarachas desde o impeachment sofrido pelo companheiro Fernando Lugo. Inconformado com a perda do reprodutor de batina, decidiu no mesmo minuto que Hugo Chávez e seus escoteiros bolivarianos tinham razão: houve “um golpe” contra a democracia.
A descoberta do primeiro golpe da História que obedeceu ao que manda a Constituição do país foi a senha para a sequência de pontapés na verdade e na soberania do Paraguai. Ninguém, não custa registrar, deve espantar-se com o que diz a boca à espera de um dentista: Garcia acha que a solução para o futuro do subcontinente está num passado que não deu certo. Espantoso é o servilismo dos chefes do Itamaraty escalados para a execução da política externa da cafajestagem formulada por uma velharia perdida nos escombros do Muro de Berlim.
A vassalagem de Celso Amorim garantiu-lhe o emprego e a estima de todos os liberticidas amigos de Lula. A sabujice de Antonio Patriota ratifica a fama de melhor aluno de Amorim. A ausência de luz própria identifica um integrante da tribo que consulta o chefe até para escolher o prato no restaurante. A expressão assustadiça rima com quem vive de joelhos. E está sempre pronto para defender o indefensável, como atestou a tentativa de justificar no Senado mais um papelão internacional do Brasil.
“A suspensão do Paraguai do Mercosul e da Unasul enviou um sinal claro ao governo recém-instalado em Assunção e mostrou que a região não tolera desvios que comprometam a plena vigência da democracia no continente”, declamou Patriota. Ele considerou irrelevante tanto o reconhecimento do novo governo paraguaio por dezenas de países quanto o relatório de Jose Maria Insulza, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, que voltou de uma visita ao Paraguai sem ter enxergado qualquer ilegalidade na queda de Lugo.
“É uma opinião pessoal”, desdenhou. “A questão paraguaia precisa ser discutida por todos os membros da OEA. Nosso compromisso com a democracia é inegociável”. As eleições presidenciais marcadas para daqui a nove meses podem normalizar as coisas, concedeu o representante do governo que exigiu a devolução a Cuba da carteirinha de sócio da OEA. Por que o Paraguai só será redimido pela aparição das urnas que sumiram há mais de 50 anos da ilha-fazenda dos Irmãos Castro? “Nenhuma democracia é perfeita”, balbuciou. A ditadura comunista, portanto, é uma democracia imperfeita.
E os países governados por tiranetes amigos só precisam de ajustes, informou a continuação do palavrório: “Todos nós estamos aqui lutando para aperfeiçoar nossa democracia e pode haver aspectos em uma democracia e outra que nos pareça aprimoráveis”. A plateia indignada com o espetáculo do autoritarismo encenado na Venezuela, na Argentina ou na Bolívia só precisa ter paciência com o bolívar-de-hospício, a viúva-de-tango e o lhama-de-franja. Os três são “aprimoráveis”.
Antes de janeiro de 2003, as diretrizes da política externa se subordinavam aos interesses do país ─ e o cargo de ministro das Relações Exteriores decididamente não era para qualquer um. Hoje, a diplomacia brasileira, humilhada pela revogação da altivez, atende aos interesses de um partido, aos caprichos do Planalto e às vontades de vizinhos vigaristas. No Brasil de Lula e Dilma, até um Celso Amorim pode virar ministro.
Até um Antonio Patriota, cujo sobrenome é mais que uma contradição. É uma afronta à história do Itamaraty. E é um insulto aos patriotas de verdade.

domingo, 27 de maio de 2012

“Deus primeiro enlouquece aquele a quem quer punir”.

Boa parte de meus conhecidos lutaram, cada um de seu jeito, contra a ditadura e o retorno do Brasil ao estado de constituicionalidade.  Alguns tinham a leitura histórica que deviam pegar em armas, outros assaltavam bancos, alguns matavam soldados de 18 anos no Araguaia, convencidos que o povo se uniria a eles com armas na mão. Isso não aconteceu. Lutamos também pelos meio democraticos elegendo deputados, vereadores e senadores da oposição (então MDB), até que o poder retornasse para as mãos da sociedade civil. Sonhávamos todos com o retorno à legalidade, o fim da censura e uma boa administração.
Nunca votei no PT, era e é, uma leitura pessoal que eu e boa parte do então PCB fazíamos da história. Não víamos o sindicalismo (consentido por Golbery) uma saída honesta aos problemas da redemocratização.  Aliás, o PT nunca teve um projeto para o país, possuía, como possuí, um projeto de poder.

Esse sindicalismo, travestido de movimento de esquerda fazia o que Lenin já avisara sobre o esquerdismo: culto à personalidade, cooptação por todos os meios (é moda, estupidez, oportunismo financeiro, etc.) e vazio ideológico.

Hoje, mais um dia no qual o Sr. Lula afronta as instituições democráticas brasileiras. Ele que se dizia combatente pelo retorno ao estado de direito, afronta mais uma vez a democracia. Após comprar o poder legislativo (não, não o ameaçou como os militares, apenas o comprou com o mensalão), constrange o STF com ameaças veladas a seus constituintes.

Ratifica o velho adágio: Normalmente um estadista quando presidente possui um jurista como Ministro da Justiça. Mas o que será o presidente que nomeia um criminalista como Ministro da Justiça?

Também podemos lembrar de Sófocles: “Deus primeiro enlouquece aquele a quem quer punir”. Ao longo do tempo esta passagem de Sófocles passou a designar as conseqüências desastrosas da insensatez, a qual, por sua vez, procede em regra da combinação entre vaidade, ambição e ignorância.

sábado, 19 de maio de 2012

A notícia fala por si

BUENOS AIRES - A campanha que o governo da Argentina desenvolve contra o Grupo Clarín, desde 2008, chegou ao continente africano com a comitiva da presidente Cristina Kirchner. O slogan "Clarín Miente" (Clarín Mente) foi estampado em dezenas de pares de meias distribuídos a crianças pobres de Luanda, na Angola, durante a visita da presidente.
Cristina, com grupo de mulheres em Angola - AFP
AFP
Cristina, com grupo de mulheres em Angola

"Entregar meias contra o Clarín às crianças de um dos países mais pobres do mundo é uma atitude miserável. É usar a violência. É usar a pobreza para fazer política", disse o editor-geral adjunto do jornal, Ricardo Roa. As meias foram distribuídas por um funcionário do município de La Matanza, um reduto cativo do peronismo por seu elevado nível de pobreza e dependência dos planos sociais do governo.
Militante do movimento jovem peronista Evita, Mauricio Benítez publicou em seu perfil do Facebook que as meias do Clarín não têm a intenção de fazer política, apesar da frase que foi estampada nelas.
Benítez foi incluído na comitiva pela ligação que tem com o secretário de Comércio Exterior, Guillermo Moreno, o responsável pela confecção e distribuição de souvenirs com o slogan da campanha contra o Clarín. No portal PlazadeMayo.com, Benítez publicou várias fotos da viagem, entre as quais aparece com o secretário, que também levou sua campanha ao Brasil, em recente missão comercial a São Paulo.
Material. Usualmente, Moreno distribui botons, camisetas, bonés, folhetos e balões com a frase de ataque ao jornal. "Essa prática de repartir souvenirs contra o Clarín é um pouco degradante, mas forma parte da relação de submissão que Moreno impõe aos empresários e interlocutores. É de consumo interno. Mas o que fizeram agora é muito miserável e ofensivo", disse Roa.
A campanha oficial contra o Clarín é usada por todo o gabinete como arma de defesa de críticas e denúncias.
Em fevereiro, quando estourou o escândalo de corrupção envolvendo o vice-presidente Amado Boudou, ele subiu ao palco de um festival de música no interior do país e tocou guitarra exibindo uma camiseta com o slogan da campanha.


sexta-feira, 18 de maio de 2012

Pois é.

Enviadas: Segunda-feira, 14 de Maio de 2012 18:05


Assunto: Não sou negro, nem índio, nem deficiente físico, nem homossexual, nem guerrilheiro, nem invasor de terras, nem infrator de lei, nem deliquente... Como faço?


Sou branco, contribuinte, eleitor, hetero... Para quê?
Por: Ives Gandra da Silva Martins*

Hoje, tenho eu a impressão de que o "cidadão comum e branco" é agressivamente discriminado pelas autoridades e pela legislação infraconstitucional, a favor de outros cidadãos, desde que sejam índios, afrodescendentes, homossexuais ou se autodeclarem pertencentes a minorias submetidas a possíveis preconceitos.

Assim é que, se um branco, um índio e um afrodescendente tiverem a mesma nota em um vestibular, pouco acima da linha de corte para ingresso nas Universidades e as vagas forem limitadas, o branco será excluído, de imediato, a favor de um deles! Em igualdade de condições, o branco é um cidadão inferior e deve ser discriminado, apesar da Lei Maior.


Os índios, que, pela Constituição (art. 231), só deveriam ter direito às terras que ocupassem em 5 de outubro de 1988, por lei infraconstitucional passaram a ter direito a terras que ocuparam no passado. Menos de meio milhão de índios brasileiros - não contando os argentinos, bolivianos, paraguaios, uruguaios que pretendem ser beneficiados também - passaram a ser donos de 15% do território nacional, enquanto os outros 185 milhões de habitantes dispõem apenas de 85% dele. Nessa exegese equivocada da Lei Suprema, todos os brasileiros não-índios foram discriminados.

Aos 'quilombolas', que deveriam ser apenas os descendentes dos participantes de quilombos, e não os afrodescendentes, em geral, que vivem em torno daquelas antigas comunidades, tem sido destinada, também, parcela de território consideravelmente maior do que a Constituição permite (art. 68 ADCT), em clara discriminação ao cidadão que não se enquadra nesse conceito.

Os homossexuais obtiveram do Presidente Lula e da Ministra Dilma Roussef o direito de ter um congresso financiado por dinheiro público, para realçar as suas tendências - algo que um cidadão comum jamais conseguiria!
Os invasores de terras, que violentam, diariamente, a Constituição, vão passar a ter aposentadoria, num reconhecimento explícito de que o governo considera, mais que legítima, meritória a conduta consistente em agredir o direito. Trata-se de clara discriminação em relação ao cidadão comum, desempregado, que não tem esse 'privilégio', porque cumpre a lei.
Desertores, assaltantes de bancos e assassinos, que, no passado, participaram da guerrilha, garantem a seus descendentes polpudas indenizações, pagas pelos contribuintes brasileiros. Está, hoje, em torno de 4 bilhões de reais o que é retirado dos pagadores de tributos para 'ressarcir' aqueles que resolveram pegar em armas contra o governo militar ou se disseram perseguidos.
E são tantas as discriminações, que é de perguntar: de que vale o inciso IV do art. 3º da Lei Suprema?
Como modesto advogado, cidadão comum e branco, sinto-me discriminado e cada vez com menos espaço, nesta terra de castas e privilégios.



( Ives Gandra da Silva Martins é renomado professor emérito das Universidades Mackenzie e UNIFMU e da Escola de Comando e Estado do Exército e presidente do Conselho de Estudos Jurídicos da Federação do Comércio do Estado de São Paulo)

Para os que desconhecem este é o :

Inciso IV do art. 3° da CF a que se refere o Dr. Ives Granda, em sua íntegra:



"promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação."

Assim, volta a ser atual, ou melhor nunca deixou de ser atual, a constatação do grande Rui Barbosa:


"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto". (Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86)



sábado, 12 de maio de 2012

Artista não é intelectual

Artistas, mundo real e gestão do conhecimento.

Muitas vezes assistimos artistas manifestarem-se a favor ou contra isto ou aquilo, questões de cunho social, e até mesmo políticas públicas. Como é natural ao ser humano, utilizam a força de sua exposição pública para prevalecer seu ponto de vista. Mas qual o resultado disto para a sociedade?

Na sociedade brasileira, eminentemente colonial, o artista é confundido com o intelectual, herança medieval trazida da Europa, onde então a intelectualidade era praticada exclusivamente pela Igreja (1).

Podemos até verificar exemplos como o de Chico Burque, compositor famoso por suas metáforas que ao migrar para o mundo da literatura escreveu, como escreve, livros deploráveis.

Nos ensina Schopenhauer que os artistas, os gênios, estão ligados à Idéia (aqui no conceito platônico), fazem o que fazem através da intuição pura, sem explicação. Não me tornarei um pintor como Van Gogh estudando pintura, o gênio não se adquire, nasce sendo-o. Mas não quer dizer que por ter essa ligação genial, as suas opiniões pesem mais do que aquelas emitidas por quem estudou e laborou sobre assuntos de ordem prática. Noto também que todos, sem exceção, têm uma ligação genial em algum campo da atividade humana, no campo místico seria o Graal, na neurolinguística moderna, a competência essencial, isto é, há alguma coisa que cada um pode fazer com genialidade e gosto, o trabalho é o de descobrir que atividade é essa.

(um exemplo disso foi a trajetória de Ronald Regan, ator medíocre, que se tornou político, e talvez o mais importante após Churchill, uma vez que em sua gestão conseguiu acabar com a ditadura soviética).

Os artistas demonstram (em sua maioria atores), como em eventos mais recentes, grande desinformação, e até uma certa desonestidade. Emitem opiniões sobre um assunto sem examina-lo em profundidade. Por serem pessoas com apelo popular deviam éticamente se preparar ou ainda se omitir a difundir opiniões sobre aquilo que não entendem ou não estudaram, ao faze-lo, demonstram que estão servindo a uma causa, isso não resta a menor dúvida
O código florestal e a construção da usina de Belo Monte, são exemplos contundentes desse "despreparo".

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(1) Reitero o medieval, para o leitor mais desatento não imaginar que a intelectualidade pré cristandade inexistisse. Existia sim, e era produto do estudo profundo, como demonstrado pelos intelectuais que gravitavam a Biblioteca de Alexandria, Pitágoras e toda a cultura asiática, em especial a presente na India (Vedas).

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Perguntas juvenis

Milhares de meus leitores e os meninos na rua, sim, aqueles que vendem balas no sinal, me perguntam:

 - Tio, quem paga esse monte de papel com "Veta, Dilma", tudo igualzinho como as bandeirinhas e bonezinhos do MST? Quem paga o "Greenpiece" pra escalar o prédio do Senado em Brasília ?

- Tio, por que não querem que o Brasil plante mais, exporte mais e cresça mais?

No que replico aos jovens, sedentos de conhecimento:

-Táqui na foto, olha a carinha deles.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Muito Importante

NÃO É SÓ A LIBERDADE DA IMPRENSA QUE ESTÁ EM JOGO, TAMBÉM É A SUA! OU: QUEREM FAZER DA CPI UM TRIBUNAL DE EXCEÇÃO CONTRA A IMPRENSA, O STF E A PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA
Uma carta aos defensores da democracia e do estado de direito. Ou: conversa com os que pretendem preservar o regime de liberdades. Se gostarem, passem adiante.
Minhas caras, meus caros,
leia-se a melhor literatura sobre os primórdios do fascismo ou os primeiros dias que se seguiram aos golpes comunistas, e o observador atento vai constatar uma característica invariável a marcar a consolidação desses regimes tirânicos: direitos fundamentais — alguns então e ainda garantidos em lei, outros nem especificados porque considerados parte da vida civilizada — passam a ser tratados como se fossem privilégios inaceitáveis de uma minoria. Assim se mandaram os “burgueses e os reacionários” para o paredão ou os judeus para os campos de concentração e a morte. Em nome do fim de privilégios que eram apenas direitos!
E foi, sim, sob o silêncio cúmplice de muitos. Não se enganem: nem os regimes comunistas nem os fascistas se instalaram sem o consentimento, ainda que passivo, de amplas camadas da população. Ao contrário: esse apoio popular foi usado para legitimar e tornar corriqueira a violência. Seria exagero dizer que estamos vivendo dias pré-tirânicos no Brasil. Mas não é exagero nenhum constatar que direitos fundamentais estão sendo cotidianamente violados por instâncias do Estado.
A imprensa livre e independente só é possível numa democracia. A democracia só é possível se houver uma imprensa livre e independente. Essas duas instâncias se distinguem — porquanto uma delas, a imprensa, reúne apenas uma parte da vida em sociedade —, mas não se separam. Sem o regime democrático, a liberdade de expressão inexiste; sem a liberdade de expressão, o regime democrático morre de inanição.
Lideranças políticas ressentidas de ontem e de hoje; políticos cansados da vigilância cotidianamente exercida pela imprensa independente; mentalidades jurássicas ainda inconformadas com o triunfo de uma economia aberta e de mercado e incrustadas na academia e no próprio jornalismo; notórios manipuladores da boa-fé da população e dos justos reclamos em favor de uma sociedade mais justa, todas essas forças resolveram se conjurar contra um dos fundamentos da nossa liberdade: a imprensa independente. É um engano, uma tolice ou pura expressão da má fé considerar que estão querendo levar apenas a VEJA para o banco dos réus. Aliás, se assim fosse, talvez estivéssemos diante de evento de gravidade menor porque haveria uma acusação e seria garantido o direito de defesa. Querem, isto sim, é levar a imprensa a um tribunal político. Primeiro a VEJA, não por acaso, e depois o resto.
Como já deixei claro em outro post, não se trata de reivindicar impunidade para a imprensa. Ela não está — e nem deve estar — acima da lei. Mas também não pode estar abaixo dela, sujeita a um verdadeiro tribunal de exceção, sendo vítima passiva de uma clara violação de princípios constitucionais, como é o sigilo da fonte, por exemplo. Ora, o que temos? Se, nas conversas que um repórter da VEJA manteve com algumas de suas fontes — e fontes de muitos outros jornalistas —, houvesse o flagrante de um crime, que se acionasse a justiça criminal para puni-lo. O fundamento vale para qualquer um. No Brasil, até uma associação de juízes andou afirmando que algumas pessoas estão acima da lei. Não! Ninguém está nem pode estar — nem os jornalistas.
Mas qual foi mesmo o “crime” do jornalista Policapo Jr.? Nenhum! Como sabe qualquer jurista do país, especialmente aqueles dedicados à área criminal, não há nas conversas tornadas públicas uma só manifestação que fira o direito coletivo, prerrogativas de terceiros, o interesse público, nada! São conversas de quem buscava a informação sem garantir, como deixam claro Carlinhos Cachoeira e seus auxiliares, qualquer benefício em troca. Também no terreno da ética profissional, não há reparos a fazer a seu trabalho.
Nunca fui repórter investigativo. Já cheguei até a dizer aqui que, embora fale com políticos, sim, prefiro os meus textos que saem da conversa com a lógica e com a história. Se toda fonte que passa uma informação em off tem interesse na sua divulgação — e tem! —, o mesmo vale para as análises que muitas vezes são feitas pelos políticos. Algumas, ainda que passadas de boa-fé, tendem mais a nos afastar da verdade do que a nos aproximar. Muito bem!
Não é essa a minha área. Mas reflito cá comigo o que não estarão pensando, nestes tempos, expressões do chamado “jornalismo investigativo” — há até uma associação nacional que reúne profissionais dessa área.
Em regra, eles prestaram e prestam grandes serviços ao país. E tiveram a sorte de não ver lançada em praça pública suas conversas com as fontes e, mais ainda, conversas das fontes sobre o contato que mantiveram com jornalistas. Este é, insisto — ou era — um direito constitucional assegurado à imprensa. Não para cometer crimes, não, mas para denunciá-los e combatê-los. Como fez tantas vezes Policarpo Jr. E como fizeram tantos outros. Quem primeiro passou à reportagem da Folha o notável crescimento patrimonial de Antonio Palocci, com alguns dados bastante precisos sobre os seus bens, estava, como costumo indagar, só pensando no bem, no belo e no justo? Quem terá sido a fonte? A revelação de eventuais conversas gravadas entre jornalistas e informantes muda a natureza do que foi denunciado? Aqueles que ajudaram a derrubá-lo só estavam interessados no bem da República?
Que não se perca isto de vista: se, no curso da investigação de Cachoeira e sua turma, um jornalista da VEJA ou de qualquer outro veículo tivesse sido flagrado cometendo um crime, Código Penal nele! Mas é o caso? Qual é a acusação? Por que buscava Policarpo Jr. aquelas informações? Para se locupletar? Para fazer chantagem? Não! Para publicar. As maquinações de Cachoeira e seus sequazes não eram de sua conta, como não eram a dos que passaram as informações sobre Palocci à Folha. ORA, NÃO CABERIA INDAGAR, TAMBÉM NO CASO DO EX-CHEFE DA CASA CIVIL, QUAIS OS INTERESSES DAQUELES QUE AJUDARAM A DEPÔ-LO? A revelação dessas fontes não seria também — dadas a perspectiva hoje vigente em algumas mentalidades da CPI e a abordagem feita por certo jornalismo — do interesse público?
Digam-me aqui: caberia aos repórteres da Folha que receberam a informação, comprovada com apuração posterior, fazer um julgamento prévio sobre as consequências e os interesses da fonte? Seria o seu papel, por exemplo, o seguinte juízo: “Huuummm… É bem verdade que tenho aqui dados que complicam a vida do ministro. Mas ele é peça-chave no governo Dilma. Se cair, estarei fazendo a vontade da fonte que me passou o material. Já sei: vou detonar Palocci e a fonte junto! Pronto!” Seria a última reportagem investigativa desse profissional. E perderia o país.
Da mesma sorte, cumpriria ao profissional da VEJA, no caso citado e em outros, de posse das evidências dos atos de corrupção, julgar que estaria atendendo a eventuais interesses das fontes — porque eles sempre existem — e, em nome de uma suposta ética, deixar intocados os ladrões de dinheiro público? Alguém flagrou algum jornalista da VEJA interferindo em licitação ou participando de conspiração para alterar preço de obra pública? Não! Nas vezes em que aparece na fita ou em que seu nome é citado, trata-se sempre da busca de informações para reportagens — publicadas depois de rigorosa apuração junto a outras fontes. Tão rigorosa que algumas estão na raiz de demissões, sim. E quem demitiu foi Dilma Rousseff, não a VEJA.
Não é a VEJA apenas, é a imprensaNão é só a VEJA que estão tentando colocar na berlinda, não! É a imprensa como um todo. Com o que se tem até aqui, aprove-se ou não o depoimento de quem quer que seja, está decretada a morte do sigilo da fonte e da apuração jornalística. Ao contrário do que pensam alguns tontos, isso não atenta só contra a liberdade da imprensa. Isso atenta contra a liberdade de todos os brasileiros. Não vamos nos enganar. Repórteres investigativos não falam com freiras e monges. Essas boas pessoas não têm nada a dizer a profissionais dessa área, que têm entre as suas missões zelar pela defesa do bem público.
Ainda que repórteres não estejam grampeados hoje — não com autorização judicial ao menos; sem ela, creio que todos estamos —, a chance de que suas fontes estejam é gigantesca. Dá-se de barato (e há quanto tempo escrevo isso aqui, como sabem os leitores mais antigos!) que não há mais sigilo telefônico no país. Se uma dessas fontes for objeto de alguma operação da Polícia Federal, essas conversas fatalmente virão a público se algum petista se sentir prejudicado… Ainda que a quebra do sigilo tenha autorização judicial, o vazamento é sempre criminoso. Mesmo os encontros pessoais não são seguros, porque a tecnologia da escuta ambiental avançou ainda mais do que a do grampo telefônico. Em breve, os veículos de comunicação terão de construir salas especiais, nas quais repórteres terão de se encontrar com as fontes, todos, evidentemente, pelados — se é que não existem já grampos subcutâneos ou que possam ser escondidos em orifícios não examináveis sem um estreitamento maior de relações…
De novo, se a Polícia Federal tivesse flagrado o jornalista da VEJA a cometer um crime, há um caminho legal que conduz ao processo e à punição. Mas isso não existe! Estamos diante, como sabe toda pessoa de bom senso, da agressão a um direito constitucional. Sua violação não atinge só a VEJA. Fere as garantias de todos os profissionais e de todos os veículos.
Notáveis bobagensNotáveis bobagens estão sendo escritas a respeito por gente que deveria estar empenhada na defesa da liberdade de informar — que não pode se confundir com um privilégio, como querem os tiranos, de que trato lá no primeiro parágrafo.
No domingo, Suzana Singer, ombudsman da Folha, escreveu uma coluna sobre o caso. Reproduzo um trecho em vermelho e faço alguns destaques por minha conta:
Do que veio a público até o momento, não há nada de ilegal no relacionamento “Veja”-Cachoeira. O paralelo com o caso Murdoch, que a blogosfera de esquerda tenta emplacar, soa forçado, porque, no caso inglês, há provas de crimes, como escutas ilegais e a corrupção de policiais e autoridades.Não ser ilegal é diferente, porém, de ser “eticamente aceitável”. Foram oferecidas vantagens à fonte? O jornalista sabia como as informações eram obtidas? Tinha conhecimento da relação próxima de Cachoeira com o senador Demóstenes? Há muitas perguntas que só podem ser respondidas se todas as cartas estiverem na mesa.
É preciso divulgar os diálogos relevantes que citem a imprensa. A Secretaria de Redação diz que tem “publicado reportagens a respeito, quando julga que há notícia”. “Na sexta, entrevista com o relator da CPI tratava do tema e estava na Primeira Página. Já em abril havia reportagem de Brasília e colunistas escreveram a respeito”, afirma.
É pouco. Grampos mostram que a mídia fazia parte do xadrez de Cachoeira. Que essa parte do escândalo seja tratada sem indulgência, com a mesma dureza com que os políticos têm sido cobrados. Permitir-se ser questionado, jogar luz sobre a delicada relação fonte-jornalista, faz parte do jogo democrático.
VolteiPergunto a Suzana Singer e, se ela quiser responder, publico a resposta aqui: de qual escândalo denunciado pela imprensa, Suzana, não se podem perguntar as mesmíssimas coisas? Na sua condição de ombudsman, cobrou dos repórteres da Folha a PROVA de que não ofereceram vantagens à fonte que passou as informações sobre Palocci? A reportagem do jornal fazia ou não parte do “xadrez” da pessoa que queria o então ministro mais importante de Dilma fora do governo? Diga-me, Suzana: o jornalista que divulgou a lista de bens de Palocci sabia ou não sabia como aquelas informações foram colhidas?
A ombudsman da Folha está afirmando que nada existe contra o repórter da VEJA, mas que cabe a este provar a sua inocência, como nos melhores regimes totalitários. Curioso que tais cobranças não tivessem sido feitas por ninguém ao tempo que se garantia sobrevida a uma comprovada picaretagem, como era o Dossiê Cayman — e foi a Polícia, não a imprensa, que desbaratou a farsa.
Por que, Suzana Singer, só esse caso merece tal tratamento? Espero que não seja porque, afinal de contas, se trata da VEJA, e a revista deveria estar submetida a algum regime de exceção, que você certamente não defenderia que vigesse na Folha. Até porque isso seria impossível, minha cara! No dia em que os jornalistas tiverem de provar, a cada reportagem, que são “eticamente inocentes” — ainda que não exista contra eles acusação nenhuma de crime —, acabou o jornalismo investigativo. Para honra e glória dos ladrões do dinheiro público.
Por que só agora?Por que só agora se arma esse circo? Bem, desde o primeiro dia, como vocês sabem, alertei que um só objetivo estava em jogo — e não era punir Cachoeira e sua gangue. Nunca foi. Os mensaleiros, sob a liderança de Lula, agarrado a seu ódio, querem submeter ao enxovalho todas as instituições do país. Usam-se o inquérito da Polícia Federal e as gravações para tentar arrastar para o lixão o Supremo Tribunal Federal, a Procuradoria-Geral da República e a imprensa. Sob qual acusação? Nenhuma! Pretende-se fazer da CPI um tribunal de exceção.
O jornal Valor Econômico decidiu fazer uma reportagem a respeito da iniciativa do senador Fernando Collor (ver posts abaixo), que fez um requerimento pedindo a convocação de Policarpo Jr.. Reproduzo a resposta que o diretor de redação da revista, Eurípedes Alcântara, deu ao jornal:
“É assombroso que na semana seguinte às comemorações do Dia Mundial da Liberdade de imprensa, um senador peça a convocação de um jornalista para depor diante de um tribunal político e, com isso, envergonhe o Brasil, colocando-nos na má companhia de nações atrasadas e repudiadas pela comunidade internacional. A imprensa não está acima da lei, mas não pode ser colocada ao desamparo dela. Um jornalista acusado, como qualquer cidadão, tem o direito de saber o que pesa contra ele no âmbito da Justiça. Colocá-lo diante de um tribunal político com o objetivo de “esclarecer eventuais ligações” com quem quer que seja é um despropósito e uma afronta à democracia.”
Na mosca! Ou “nas moscas”, como costumo brincar.
A rede criminosa que se espalha na Internet — digo em outro post do que ela é capaz — está convicta de que o poder petista, como os diamantes, é eterno e imagina uma situação que vai disso que vemos para pior. Pede, sem meias palavras, o que chama de “Lei dos Meios de Comunicação” — ou “Ley de Medios”, dizem alguns bandidos, citando, cheios de excitação, a Venezuela de Hugo Chávez. Na semana passada, Rui Falcão, presidente do PT, anunciou que a imprensa é um dos alvos do governo, depois dos bancos. Querem a liberdade de imprensa de joelhos diante do tribunal presidido por José Dirceu, o rei da ética, aquele rapaz que foi no mês passado à Venezuela, em companhia do marqueteiro do PT, para dar uma forcinha a Chávez.
Quando os tucanos, no governo FHC, eram os alvos do jornalismo investigativo, nunca ninguém se lembrou de fazer uma CPI para submeter a imprensa a um tribunal político. Considerava-se tal hipótese simplesmente impensável — e os próprios tucanos, diga-se, não intentariam algo parecido. O jornalismo era, então considerado virtuoso por investigar eventuais desvios havidos no governo FHC ( nunca ninguém indagou qual era a fonte; tampouco a PF pôs para circular conversas de jornalistas) e operava em estreita ligação com o PT. Imaginem uma gravação da PF registrando as conversas dos divulgadores do Dossiê Cayman e suas fontes ilibadas… AS REPORTAGENS DA VEJA RESULTARAM NA EXPLICITAÇÃO DE CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Com a chegada do PT ao poder, tudo mudou. Criminoso passou a ser o jornalismo independente — enquanto a corja financiada por dinheiro público se dedica, cotidianamente, a agredir a oposição, o Judiciário e a própria imprensa. Para eles, não há CPI. Ao contrário: juntam-se a Fernando Collor para enviar a um tribunal político quem honra a independência.
Outros, antes de nós, resistiram a pressões ainda piores. Estes que estão aí nem são os piores inimigos que a liberdade de imprensa já enfrentou. E resistiremos mais uma vez. Quis o destino que Lula e Collor viessem a se juntar, 23 anos depois do enfrentamento nas urnas, contra a liberdade de imprensa. Um está a exercer a sua conhecida natureza. O outro termina por revelar a sua. Uma não aprendeu nada nem esqueceu nada. O outro esqueceu tudo. O momento não é dos mais edificantes, mas me sinto intelectualmente recompensado. Há muitos anos venho dizendo que eles chegariam a este ponto. E chegaram. E mais longe chegarão se puderem.
Não se depender dos defensores da ordem democrática e do estado de direito. A Constituição vai derrotar a conspiração do ódio.
Texto publicado originalmente às 5h04
Por Reinaldo Azevedo
Alana Rizzo e Fabio Fabrini, de O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O delegado da Polícia Federal Raul Alexandre Marques constrangeu o deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) no fim da sessão secreta da CPI do Cachoeira, que durou mais de sete horas. Em meio a questionamentos de Protógenes sobre o envolvimento de setores da mídia com a organização criminosa, o delegado o rebateu, citando a proximidade do parlamentar com o araponga Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, braço-direito de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Membro da CPI, o deputado federal aparece também nas investigações da operação Monte Carlo da PF - Dida Sampaio/AE
Dida Sampaio/AE
Membro da CPI, o deputado federal aparece também nas investigações da operação Monte Carlo da PF
Marques lembrou de escutas da operação Vegas em que Protógenes foi flagrado conversando com Dadá. Segundo o delegado, um dos diálogos indica o interesse do deputado em se aproximar do ex-diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, apontado pela PF como um dos principais aliados do bicheiro. Protógenes teria dito no grampo ter uma missão para o araponga: apresentá-lo ao dirigente da empreiteira.
Membro da CPI, o deputado federal aparece também nas investigações da operação Monte Carlo. Conforme revelou o Estado, Protógenes foi flagrado em pelo menos seis conversas suspeitas com o araponga. Segundo a PF, Dadá esteve a serviço de Protógenes na Operação Satiagraha e, nas conversas, recebe orientações do ex-delegado sobre como agir para embaraçar a investigação aberta pela corregedoria da PF sobre desvios no comando da operação que culminou com a prisão do banqueiro Daniel Dantas - a Satiagraha.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Ataque dos nazistas

Blogs e veículos de imprensa chapa branca que atuam como linha auxiliar de setores radicais do PT desfecharam uma campanha organizada contra a revista “Veja”, na esteira do escândalo Cachoeira/Demóstenes/Delta.
A operação tem todas as características de retaliação pelas várias reportagens da revista das quais biografias de figuras estreladas do partido saíram manchadas, e de denúncias de esquemas de corrupção urdidos em Brasília por partidos da base aliada do governo.
É indisfarçável, ainda, a tentativa de atemorização da imprensa profissional como um todo, algo que esses mesmos setores radicais do PT têm tentado transformar em rotina nos últimos nove anos, sem sucesso, graças ao compromisso, antes do presidente Lula e agora da presidente Dilma Roussef, com a liberdade de expressão.
A manobra se baseia em fragmentos de grampos legais feitos pela Polícia Federal na investigação das atividades do bicheiro Carlinhos Cachoeira, pela qual se descobriu a verdadeira face do senador Demóstenes Torres, outrora bastião da moralidade, e, entre outros achados, ligações espúrias de Cachoeira com a construtora Delta.
As gravações registraram vários contatos entre o diretor da Sucursal de “Veja” em Brasília, Policarpo Jr, e Cachoeira. O bicheiro municiou a reportagem da revista com informações e material de vídeo/gravações sobre o baixo mundo da política, de que alguns políticos petistas e aliados fazem parte.
A constatação animou alas radicais do partido a dar o troco. O presidente petista, Rui Falcão, chegou a declarar formalmente que a CPI do Cachoeira iria “desmascarar o mensalão”.
Aos poucos, os tais blogs começaram a soltar notas sobre uma suposta conspiração de “Veja” com o bicheiro. E, no fim de semana, reportagens de TV e na mídia impressa chapas brancas, devidamente replicados na internet, compararam Roberto Civita, da Abril, editora da revista, a Rupert Murdoch, o australiano-americano sob cerrada pressão na Inglaterra, devido aos crimes cometidos pelo seu jornal “News of the World”, fechado pelo próprio Murdoch.
Comparar Civita a Murdoch é tosco exercício de má-fé, pois o jornal inglês invadiu, ele próprio, a privacidade alheia.
Quer-se produzir um escândalo de imprensa sobre um contato repórter-fonte. Cada organização jornalística tem códigos, em que as regras sobre este relacionamento - sem o qual não existe notícia - têm destaque, pela sua importância.
Como inexiste notícia passada de forma desinteressada, é preciso extremo cuidado principalmente no tratamento de informações vazadas por fontes no anonimato.
Até aqui, nenhuma das gravações divulgadas indica que o diretor de “Veja” estivesse a serviço do bicheiro, como afirmam os blogs, ou com ele trocasse favores espúrios. Ao contrário, numa das gravações, o bicheiro se irrita com o fato de municiar o jornalista com informações e dele nada receber em troca.
Estabelecem as Organizações Globo em um dos itens de seus Princípios Editoriais: “(…) é altamente recomendável que a relação com a fonte, por mais próxima que seja, não se transforme em relação de amizade. A lealdade do jornalista é com a notícia”.
E em busca da notícia o repórter não pode escolher fontes. Mas as informações que vêm delas devem ser analisadas e confirmadas, antes da publicação. E nada pode ser oferecido em troca, com a óbvia exceção do anonimato, quando necessário.
O próprio braço sindical do PT, durante a CPI de PC/Collor, abasteceu a imprensa com informações vazadas ilegalmente, a partir da quebra do sigilo bancário e fiscal de PC e outros.
O “Washington Post” só pôde elucidar a invasão de um escritório democrata no conjunto Watergate porque um alto funcionário do FBI, o “Garganta Profunda”, repassou a seus jornalistas, ilegalmente, informações sigilosas.
Só alguém de dentro do esquema do mensalão poderia denunciá-lo. Coube a Roberto Jefferson esta tarefa.
A questão é como processar as informações obtidas da fonte, a partir do interesse público que elas tenham. E não houve desmentidos das reportagens de “Veja” que irritaram alas do PT.
Ao contrário, a maior parte delas resultou em atitudes firmes da presidente Dilma Roussef, que demitiu ministros e funcionários, no que ficou conhecido no início do governo como uma faxina ética.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Como era esperado: O Globo de hoje.



 Era um dos pilares do governo Hugo Chávez. Tornou-se o “inimigo número um” caçado pelos chavistas. Era presidente do Tribunal Superior de Justiça — a Suprema Corte venezuelana. Agora é um delator da DEA, a agência antidrogas dos Estados Unidos.
Ele confessou cumplicidade com uma rede sul-americana de narcotráfico. E admitiu ter manipulado processos judiciais para favorecer traficantes cujos negócios — contou — eram partilhados com alguns dos mais graduados funcionários civis e militares do governo Chávez.
Citou especificamente: o ministro da Defesa, general de brigada Henry de Jesus Rangel Silva; o presidente da Assembleia Nacional, deputado Diosdado Cabello; o vice-ministro de Segurança Interna e diretor do Escritório Nacional Antidrogas, Néstor Luis Reverol; o comandante da IVa Divisão Blindada do Exército, Clíver Alcalá; e o ex-diretor da seção de Inteligência Militar, Hugo Carvajal.
O juiz Aponte Aponte conheceu a desgraça em março, quando seu nome foi descoberto na folha de pagamentos de um narcotraficante civil, Walid Makled. Convocado para uma audiência na Assembleia Nacional, desconfiou. Na tarde de 2 de abril, ajeitou papéis em uma caixa, deixou o tribunal e entrou em um táxi. Rodou 500 quilômetros até um aeroporto do interior, alugou um avião e aterrissou na Costa Rica. Ali, pediu para entrar no sistema de proteção que a agência antidrogas dos EUA oferece aos delatores considerados importantes.
Três semanas atrás, o juiz-delator reapareceu em uma entrevista ao canal Soi TV, da Costa Rica, contando em detalhes como é feita a manipulação de processos judiciais para livrar da prisão traficantes vinculados a personalidades do governo.
Deu como exemplo um caso no qual está envolvido um ex-adido militar venezuelano no Brasil, o tenente-coronel Pedro José Maggino Belicchi. Segundo o juiz-delator, Maggino Belicchi integra a rede militar que há anos utiliza quartéis da IVa Divisão Blindada do Exército da Venezuela como bases logísticas para transporte de pasta-base e de cocaína exportadas por facções da Farc, a narcoguerrilha colombiana. O tenente-coronel foi preso em flagrante no dia 16 de novembro de 2005, com outros militares, transportando 2,2 toneladas de cocaína em um caminhão do Exército (placa EJ-746).
Na presidência da Suprema Corte, Aponte Aponte diz ter recebido e atendido aos apelos da Presidência da República, do Ministério da Defesa e do organismo venezuelano de repressão a drogas para liberar Magino Belicchi e os demais militares envolvidos. Faz parte da rotina judicial venezuelana, ele contou na entrevista à televisão da Costa Rica.
O general Henry de Jesus Rangel Silva, citado pelo juiz-delator, comandou a Quarta Divisão Blindada, uma das unidades mais importantes do Exército venezuelano. Desde 2008, ele figura na lista oficial de narcotraficantes vinculados às Farc colombianas e cujos bens e contas bancárias estão interditados pelo governo dos Estados Unidos. Em janeiro, o presidente Hugo Chávez decidiu condecorá-lo em público e promovê-lo ao cargo de ministro da Defesa. “Rangel Silva é atacado”, justificou Chávez em discurso.
Outro personagem relevante na hierarquia do narcotráfico montada nos porões do chavismo, segundo o juiz-delator, é Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional . “Ele é o ‘capo’ dos ‘capi’, o chefe dos chefes, porque é ele quem controla toda a infraestrutura da lavagem de dinheiro”, disse Aponte Aponte, segundo o jornal “ABC” (Madri).
Cabello é, de fato, candidato à sucessão de Chávez na disputa dentro do partido do governo (PSUV) contra o chanceler Nicolás Maduro e o vice-presidente Elías Jaua. Isso, se o presidente não conseguir sair da terapia contra o câncer com forças para enfrentar a disputa eleitoral de 7 de novembro. Na última quinzena, Chávez passou a usar uma cadeira de rodas


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/mundo/na-venezuela-um-juiz-que-se-transformou-em-delator-4827490#ixzz1uEBL94bh

Artigo escrito por MARCOS FAVA NEVES, professor titular de planejamento e estratégia na FEA/USP Campus Ribeirão Preto, Chefe do Departamento de Administração e coordenador científico do Markestrat. Tem 25 livros publicados em 8 países.

Aqui em Banânia, artista é considerado intelectual, as organizações internacionais já aprenderam isto, segue um artigo lúcido sobre o debate do Código Florestal, que vem sendo atacado pelos artistas, e que usa o jargão: "Veta, Dilma" e a sociedade responde: "Estuda, Artista".

 

A análise do Código Florestal exige bem mais do que a Camila Pitanga pedindo "veta Dilma".


Desenvolver preservando para... preservar o desenvolver

O Código Florestal vem sendo discutido em muitas audiências há anos e foi finalmente aprovado pela sociedade, representada por seu Congresso. Muitos brasileiros e parte da imprensa aproveitaram o momento para contrapor a agricultura com o ambiente, gerando um grave dano à imagem da agricultura e promovendo a discórdia.

O mais recente caso, estimulador deste texto, é o debate editado pelo respeitável jornal Valor Econômico (04/05/12), consolidado por três jornalistas. Explicando ao leitor que não teve acesso ao conteúdo, é feita uma chamada na capa com o título "empresários defendem veto a CódigoFlorestal" e a matéria é um debate de respeitáveis executivos e cientistas com trabalhos na área econômica, social e ambiental, advindos de uma Fundação de preservação de matas, uma empresa de cosméticos, de embalagens cartonadas, uma produtora de papel e uma telefônica, além de um cientista da USP.

Sintetizo minha análise em 4 blocos: as principais proposições vindas deste debate; os principais aprimoramentos necessários às visões; as contribuições à imprensa e as considerações finais.

Entre as principais proposicões, temos interessantes ideias. Destacam-se as oportunidades que se abrem ao Brasil de liderar uma nova pauta da economia verde, do menor carbono, de certificações e pagamentos por serviços ambientais. Levantam a ideia de que é necessário produzir mais com menos recursos, reduzir as perdas (estimadas em mais de 20% da produção) e acreditam que com gestão a produtividade pode aumentar. Temos que pensar 100 anos à frente.

Também aparecem a importância de se recompor o orçamento da EMBRAPA e de outros órgãos de pesquisa, sair da clivagem "desenvolvimento x sustentabilidade" e "natureza x urbano". Chamam a atenção para os gargalos de infraestrutura, para a necessidade de incentivos na correção do que foi feito de errado em desmatamento.

Utilizar a Amazônia como uma fonte de riquezas da biodiversidade lembrando do direito de pessoas que vivem nestas regiões terem atividades econômicas e desenvolvimento. Lembram também da necessidade de se votar medida provisória que dá acesso a patrimônio genético, a necessidade de se extrair mais renda da visitação das áreas preservadas, se recuperar mais as áreas degradadas e investir no turismo. Destacam-se também as iniciativas de criação dos corredores de biodiversidade entre áreas de reserva legal e APPs.

A segunda parte deste meu texto são os aprimoramentos de visão necessários, por aparecer, em alguns momentos, um desconhecimento do que é o agro brasileiro. Serão apresentadas aqui as frases colocadas no debate, em itálico, sendo algumas agrupadas, e as minhas observações logo após.

"...O código deixou o Brasil na era medieval...", "...o texto que foi votado é terrível...".

Esta visão é parcial. Existem melhorias reconhecidas por cientistas no documento e ele tem benefícios de eliminar uma grave insegurança jurídica que assola as propriedades.

"...A expansão da área agrícola é única solução proposta e não se fala uma palavra de produtividade..."; "...O Brasil vai perder o jogo da produtividade, da tecnologia e da inovação e aí vem a solução fácil: derruba mais um pouco de floresta e aumenta a área plantada..."; "...não precisa derrubar mais nada... tem muita área já derrubada...".

Estas colocações não estão bem feitas. Os cientistas e agricultores brasileiros vêm lutando ferozmente pelo aumento da produtividade. Enquanto no mundo cai a produtividade, no Brasil ela cresce quase 4% ao ano e 50 milhões de hectares foram poupados graças a este esforço. Também é um equivoco achar que precisamos derrubar mais árvores para expansão da produção. Existe parte dos 200 milhões de hectares de pastagens que podem ser usados para futuras áreas agrícolas.

"...A questão dos alimentos não é de produção, é de escoamento...".

Sem dúvida há muita perda na logística, mas aqui também existe um desconhecimento do que acontece no mundo asiático e africano que cresce a mais de 6% ao ano. A FAO estima que teremos que dobrar a produção em 30 anos, graças ao aumento da população, urbanização (90 milhões de pessoas por ano vão para as cidades), distribuição de renda, biocombustíveis (nos EUA usam 130 milhões de toneladas de milho) e outros fatores. O Brasil é primordial para isto, dito pela UNCTAD e FAO (ONU).

"...Vamos para a Rio + 20 com cara de vergonha...".

Como já escrevi em outros textos, a vergonha dos cientistas e participantes brasileiros na Rio + 20 não será com o Código Florestal, mas sim em explicar ao mundo porque destruímos o combustível renovável mais respeitado, que é o etanol de cana, aqui dentro do Brasil. É a pergunta que me fazem cientistas internacionais.

"...Estamos exportando commodities de baixíssimo valor agregado...".

Nesta colocação temos um grave equívoco, até uma ofensa aos produtores e industriais brasileiros. Existe enorme conteúdo tecnológico trazido pelos nossos cientistas dentro de um grão de soja, de café, de um litro de etanol, de suco de laranja, de celulose, de açúcar, de carne bovina. Fora isto, estamos cada vez mais exportando comidas prontas e embaladas. Os termos de troca são cada vez mais favoráveis as commodities. Vivemos a era das commodities, e chamar nossa pauta de baixo valor agregado chega a ser ingênuo.

"...O projeto votado agora vai contra a maioria da população, que não quer hoje o desmatamento, não quer a redução da floresta nas margens dos rios..."; "...tem quatro brasileiros de cada cinco que estão a favor da Presidente para o veto...".

Eu desconheço estas pesquisas, e também não creio que foi aprovado um Código Florestal que estimula o desmatamento de novas áreas. É uma mensagem errada que está se passando a população. O agro para se desenvolver, não precisa desmatar.

Na terceira parte deste meu texto tenho algumas contribuições a apontar à imprensa. A primeira vai no sentido de, em debates, equilibrar as opiniões. Neste caso, chamar pessoas que acham que o Código Florestal, com todos os seus problemas, representou avanços ao Brasil. Poderiam ter sido convidados representantes da ABAG, do ICONE, da Cooxupé, da Coamo, da Cosan, da Bunge, da BRF, do Congresso (Deputados Aldo Rebello ou Paulo Piau), de Sindicatos de Produtores, de Trabalhadores.

A segunda é que a manchete dada reflete uma generalização de algo que não é generalizável. Uma pessoa que apenas lê "empresários defendem veto a código florestal", e boa parte do Brasil lê apenas manchetes, é levada a pensar que houve ampla pesquisa quantitativa e que o setor empresarial brasileiro é contra o Código, quando na verdade isto é fruto do debate de apenas 6 pessoas. Isto as vezes acontece na imprensa, um título (manchete) que tenta generalizar algo que não é generalizável. É preciso cuidado nisto.

A ilustração principal da matéria é uma árvore sendo cortada com uma motosserra. Para sermos mais equilibrados, melhor contribuição seria se a matéria tivesse o título de "sugestões de aprimoramentos ao código" e a imagem fosse propositiva, com equilíbrio de produção e lindas matas, e são inúmeras as imagens no Brasil de propriedades agrícolas certificadas internacionalmente. Apresentar uma mortal imagem de árvore com motosserra foi danoso ao agro. É necessário parar com o "ruralistas x ambientalistas", esta contraposição é danosa ao desenvolvimento equilibrado do Brasil e é estimulada pela própria imprensa. Como conclusões, por mais que este processo seja criticado, o código foi democraticamente aprovado pela sociedade brasileira e seus representantes, no Senado e na Câmara.

Na minha singela opinião, pressionar a Presidente para vetar este Código é uma afronta à sua pessoa e à democracia. Dizer que é a principal decisão de seu Governo, ou frases do tipo "vou cair da cadeira se a presidente Dilma não vetar" ou "Dilma escreve o nome dela na história de uma maneira ou de outra: com tintas vermelhas ou tintas azuis" não contribuem.

Este código deve ser aprovado e iniciarmos já os debates para uma próxima versão mais moderna e contemporânea, para ser novamente aprovada daqui 5 ou 10 anos. É preciso avançar sempre, debater sempre e respeitar sempre.

Finalizo dizendo que tenho oportunidade de viajar uma vez por semana e fazer pesquisa com produtores e industriais do setor agro em todos os cantos do Brasil. É necessário sairmos dos nossos escritórios seguros e refrigerados dos grandes centros urbanos, ir ao campo e ouvir esta gente. É destas viagens e pesquisas que vêm nossos textos e livros propositivos.

Conversar, principalmente escutar e sentir a luta do nosso produtor contra o arcaico sistema trabalhista, tributário, logístico, ambiental, sua luta contra a taxa de juros, a falta de crédito, o câmbio, as intempéries climáticas, sua luta contra as pragas e doenças e ouvir atentamente os casos de assaltos e violência aterrorizando as famílias do campo.

Lembrar que o jornal Valor do mesmo dia coloca em seu editorial a preocupação com a rápida deterioração da balança comercial brasileira. Vale ressaltar que esta gente da agricultura vai exportar, em 2012, US$ 100 bilhões e importar US$ 20 bilhões, deixando um saldo de US$ 80 bilhões ao Brasil.

Em 2000 exportávamos US$ 20 bilhões no agro. A exportação cresceu 5 vezes em 10 anos. Renomadas revistas mundiais com a Economist, a Time, Chicago Tribune, Le Monde deram enorme destaque e chamaram isto de silenciosa revolução do campo brasileiro. Quem viaja sabe que temos muito poucos setores admirados lá fora, e este é um setor que joga na primeira divisão mundial.

Se o Brasil vai fechar 2012 com um saldo de apenas US$ 15 bilhões, uma conta simples mostra que sem esta gente do campo, a balança brasileira pularia do saldo de US$ 15 bilhões para um deficit de US$ 65 bilhões. Cairia por terra o Real, voltaria a inflação, cairia a arrecadação de impostos e desapareceriam milhares de postos de trabalho. E também precisaremos devolver nossos microcomputadores, tablets, carros, e todos os outros 25% dos produtos que consumimos, que são importados. Vai também faltar dinheiro para usar perfumes, telefones, cadernos, livros e produtos com embalagens cartonadas.

É preciso respeitar quem traz o caixa do Brasil, quem traz a renda do Brasil, que depois é distribuída fartamente em todos os cantos. É injusto associar esta gente a desmatamento, a motosserra, a destruição, com opiniões dadas sem maior fundamento.

O Brasil terá nos próximos 20 anos a maior e melhor agricultura do mundo, trabalhando dia e noite para ser a mais sustentável nos pilares econômico, ambiental e social. O mundo implora ao Brasil para atender à explosão de demanda por alimentos e bioenergia. Podemos tranquilamente exportar US$ 200 bilhões em 2020 e US$ 300 a 400 bilhões em 2030. Vamos deixar esta gente do campo trabalhar e tentar ajudar.

Temos que aumentar a produtividade, plantar em novas áreas de maneira sustentável, investir em pesquisa, ciência e inovação e caminhar para construir esta agricultura, este "agro-ambiental", com ideias, nos desenvolvendo com preservação e, com isto, preservando nosso desenvolvimento.

O verdadeiro e mais forte "código" será cada vez mais dado pelo mercado consumidor, fortalecido pelas novas mídias sociais e que caminha rapidamente para não aceitar produtos que não obedeçam certificações respeitadas internacionalmente.

Gerar a discórdia e desrespeitar o agricultor, que é quem coloca a comida na mesa e enche o nosso bolso de dinheiro não deve ser um objetivo dos verdadeiros brasileiros.

 

sábado, 5 de maio de 2012

Oh, shit..


One million barrels of problem..and her small friend

sexta-feira, 4 de maio de 2012

reprodução do blog do Reinaldo Azevedo

Pois é… O que já apanhei neste blog e fora dele por causa daquele tal “aquecimento global”, que virou, depois, “mudança climática”!!! O fato de não ser um especialista na área e de ser, vá lá, um conservador, fazia de mim (faz ainda, para alguns) necessariamente um mau sujeito, um inimigo do bem, da humanidade, do planeta… Vocês sabem: aquelas coisas que a Marina Silva tão bem representa com seu ar telúrico. Há dias, o físico José Goldemberg, um aquecimentista, concedeu uma entrevista ao programa Roda Viva. Mudei de canal quando um jornalista da Folha, não lembro o nome, demonstrou seu inconformismo com o fato de a imprensa dar voz aos “céticos” (não que ele fosse contra o “outro lado”, claro…). Claro! Atenção! O aquecimento global (ou mudança climática) não chega a ser nem uma teoria. Trata-se, ou tratava-se, apenas de uma hipótese. E que foi desmoralizada faz tempo. Ocorre que agora existe uma indústria multibilionária do meio ambiente. Eu vivia reclamando, vocês se lembram, de banco que reciclava papel, mas não baixava o spread, hehe… Antes da Dilma! Adiante.
Às vésperas da tal “Rio+20″ — que leva alguns tontos a cobrar de Dilma o veto ao Código Florestal —, o tal “aquecimento global”, ora chamado de “mudança climática”, sofreu um duro golpe.
Vocês já ouviram falar de James Lovelock? Há aqui um resumo de sua biografia em português. Trata-se de uma espécie de patriarca ou decano da moderna hipótese do aquecimento global (ou da mudança climática). Lançou a chamada Hipótese de Gaia, segundo a qual a Terra seria um superorganismo. Era um verdadeiro fanático da crença — sim, crença — no aquecimento global. Desde que comecei a ler uma coisinha ou outra a respeito, pus a teoria na conta de uma bobagem por uma razão, primariamente, de linguagem: vi que as catástrofes imaginadas eram meras cópias do Apocalipse de São João. Os relatos da Bíblia são mais interessantes. Entre uma religião sem Deus e uma com Deus, prefiro a segunda. Mas vamos ao que interessa. Lovelock caiu fora! Não é mais um apocalíptico. Tornou-se quase um cético. Admite agora: ele e os aquecimentistas erraram, exageraram. A entrevista foi concedida a Ian Johnston, no site msnbc.com. Foi publicada no dia 23 de abril. Foi praticamente escondida. Tivesse alguém com o seu peso anunciando o apocalipse, seria um deus-nos-acuda.
Aos 92, Lovelock admite  ter sido “alarmista” sobre as mudanças climáticas e que outros, como o bobalhão Al Gore (”bobalhão” é meu) também o foram. Sim, ele continua a acreditar que a mudança está acontecendo, mas muito mais lentamente do que se imaginava. Em 2006, para vocês terem um ideia, num artigo para o jornal inglês Independent, ele escreveu que, até 2100, bilhões de pessoas morreriam, e alguns poucos casais conseguiram sobreviver no Ártico, onde o clima seria apenas tolerável. Na entrevista, ele admite que foi longe demais.
Está escrevendo um novo livro, que comporá uma triologia com “Revenge of Gaia: Why the Earth Is Fighting Back - and How We Can Still Save Humanity” e “The Vanishing Face of Gaia: A Final Warning: Enjoy It While You Can”, publicados em português, respectivamente, com os títulos “A Vingança de Gaia” e “Gaia, Alerta Final”. No novo trabalho, mais otimista, ele vai dizer como a humanidade pode ajudar a regular o planeta. O livro também registra a sua mudança de opinião: “O problema é que não sabemos o que o clima está fazendo. A gente achava que sabia há 20 anos. Isso levou a alguns livros alarmistas — o meu inclusive — porque aquilo parecia claro, mas não aconteceu”.
Que bom, né, gente?
“O clima está fazendo suas trapaças de sempre. De fato, nada está acontecendo ainda. Nós deveríamos estar a meio caminho da frigideira. O mundo não aqueceu desde o começo do milênio. A temperatura se mantém constante, quando deveria estar crescendo - o dióxido de carbono está crescendo, sobre isso não há dúvida”. Ele aponta que os filmes “Uma Verdade Inconveniente”, de Al Gore, e “The Weather Makers”, de Tim Flannery são também alarmistas.
Lovelock é um  qualquer, um daqueles que o jornalista que estava no Roda Viva acha que não podem mais ser ouvidos? Oh, não! A revista Time já o considerou um dos 13 líderes visionários, num artigo intitulado “Heróis do meio ambiente”. Vejam a sua biografia e o artigo original. Ele é considerado um  guia espiritual do mundo científico que lida com o meio ambiente. Ao menos era! Vão tentar enterrá-lo em vida.
Indagado pelo repórter se, agora, também ele é um cético, responde: “Depende do que você queria dizer com ‘cético’. Eu não sou um negacionista”. Tá bom demais, né? Nunca niguém negou alguma aquecimentozinho, um calorzinho gostoso… Ele continua a trabalhar com a hipótese de que o aumento da emissão de dióxido de carbono leva a um aumento da temperatura, mas acrescenta que o efeito do oceano ainda não foi estudado o suficiente e que aí está a chave da questão. “O mar pode fazer toda a diferença entre uma era do aquecimento e uma era do gelo”.
Mas não é isso, santo Deus, o que alguns dos chamados “céticos” vêm sustentando há muitos anos?
Como diria o poeta latino Catulo, é difícil renunciar subitamente a um grande amor, não é? Lovelock não chega a mandar para a geladeira todos os seus antigos parceiros. Diz acreditar que está em curso uma mudança climática, mas vai demorar muito tempo para que se sintam seus efeitos. “Nós ainda teremos um aquecimento global, mas ele foi adiado um pouquinho”. Bem, no que concerne à Terra, “um pouquinho” podem ser alguns milhões de anos.
“Cometi um erro”
Como pesquisador independente, que trabalha sozinho, ele diz não ver problema nenhum em reconhecer: “Tudo bem, cometi um erro”. E afirma que cientistas que trabalham para governos e universidades têm medo de admitir um erro porque podem perder financiamento
Lovelock, que já trabalhou com a NASA e descobriu a presença de substâncias químicas nocivas (CFC) na atmosfera — mas não o seu efeito sobre a camada de ozônio (esse é outro mito muito influente) —, diz que a humanidade deve fazer o possível para evitar a queima de combustíveis fósseis, tentando se adaptar às mudanças que virão. Peter Stott, chefe Met Office Hadley Centre, do Reino Unido, afirma que Lovelock havia sido mesmo muito alarmista sobre a possibilidade de as pessoas terem de viver no Ártico em 2100. E concorda que o aquecimento dos últimos 12 anos não é o esperado pelos modelos climáticos. Ele só acha que é preciso esperar mais dez anos para admitir que esses modeles têm problemas. Sei…
Lovelock nem é o estudioso mais importante a ter desmoralizado os apocalípticos. Mas é o mais simbólico. Era, reitero, o guia espiritual da turma, o sacerdote. Há anos trato das maluquices desses que chamo membros da Igreja do Aquecimento Global dos Santos dos Últimos Dias… Aos poucos, vai-se recobrando a razão, mas é um processo lento. A “mudança climática” gerou uma cultura, uma doxa, virou ideologia. Mais: também envolve negócios multibilionários, especialmente das empresas voltadas para as chamadas energias alternativas. Muitas delas estão por trás de ONGs que financiam alguns de nossos patriotas, amigos da natureza…
Leitores me enviaram ontem o link de uma entrevista que o climatologista Ricardo Felício concedeu a Jô Soares. Ele é professor do Departamento de Geografia da USP. Esclarecedora e divertida. Aquele jornalista que acha que os céticos não podem ser mais ouvidos deve ter ficado triste. Não sei o que Felício pensa quando o assunto não é clima. Parece-me uma pessoa preparada. E já merece a minha simpatia por não temer a patrulha.
Num país em que a ciência, o direito e o jornalismo se submetem cada vez mais ao tribunal do politicamente correto, ter a coragem de dizer o que pensa é uma virtude.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Teoria da razão e da loucura em Schopenhauer

A teoria da loucura em schppenhauer é simples: baseia-se na tese de que lacunas no fio da memória, ocasionadas por enormes sofrimentos, são preenchidas  pelo louco com ficções, idéias fixas. O louco é assim, avesso ao princípio da razão, tendo isso em comum com o gênio.

Há em Schoppenhauer quatro figuras do princípio da razão:

1. princípio da razão do devir, que rege as representações empíricas, as intuições.

2. princípio de razão do conhecer, que rege asrepresentações abstratas, os conceitos da razão.

3. princípio da razão do ser, que rege as representações a partir das formas puras da sensibilidade, o espaço e o tempo, e

4. O princípio da razão do agir, que rege as ações a partir dos motivos

Invasões filosóficas

Espinosa: uma pedra movida por um impulso qualquer, caso tivesse consciência, acreditaria que se movia por sua própria vontade -  pois eu aqui acrescento que a pedra teria razão (Schopenhauer).

Kant (por Schopenhauer) - Espaço, causalidade e tempo não são determinações da coisa em si, mas pertencem somente ao seu fenômeno, pois eles não passam de meras formas de conhecimento. Ora, como toda pluralidade, nascer e perecer só são possiveis por meio do tempo, espaço e causalidade; segue-se daí que aqueles cabem exclusivamnte ao fenômeno, de modo algum à coisa em si.

Todavia, como nosso conhecimento é condicionado por aquelas formas, a experiência inteira é apenas conhecimento do fenômeno, não da coisa em si; por conseguinte, suas leis não podem se tornar válidas para a coisa em si. Mesmo ao nosso próprio eu se aplica o que foi dito, e nós o conhecemos somente como fenômeno, não segundo o que possa ser em si.

Platão (por Schopenhauer) - As coisas deste mundo, que nossos sentidos percebem, não possuem nenhum ser verdadeiro: sempre vêm a ser,  mas nunca são. Têm apenas um ser relativo; todas juntas somente o são em e através de sua relação uma para com a outra. Pode-se por conseguinte, igualmente nomear seu inteiro ser - aí também não ser.

(não posso deixar de mencionar aqui o "Labyrintho" de Juan de Mena do seculo XV onde há uma visão de três rodas muito grandes: a primeira imóvel, é o passado; a segunda, giratória, o presente; a terceira, imóvel, o futuro).

Em consequência, elas não são objeto de uma experiência propriamente dita, pois tal experiência só pode haver daquilo que é em e para si, sempre da mesma maneira. As coisas deste mundo, ao contrário, são apenas objeto de uma opinião ocasionada pela sensação baseada em percepção não provada conceitualmente. Enquanto nos limitamos à sua percepção, assemelhamo-nos a homens que estariam sentados presos numa caverna escura, tão bem atados que não poderiam girar a cabeça, de modo que  nada veriam a não ser as sombras projetadas na parede à sua frente de coisas reais que estariam entre eles e um fogo ardente; sim, cada um veria inclusive aos outros e a si mesmo apenas como sombra na parede à frente. Sua sabedoria, então, consistiria em predizer aquela sucessão de sombras, apreendida da experiência. Ao contrário, só as imagens arquetípicas reais daquelas sombras, as idéias eternas, formas arquetípicas de todas as coisas, é que podem ser ditas verdadeiras, pois elas sempre são entretando nunca vêm a ser nem perecem. A elas não convém pluralidade alguma, pois todas, conforme sua essência, são unas, na medida em que cada uma delas é a imagem arquetípica, cujas cópias ou sombras são todas as coisas isoladas e efêmeras da mesma espécie e de igual nome.

domingo, 22 de abril de 2012

Vargas Llosa, hoje

La expropiación del 51% del capital de YPF, propiedad del grupo Repsol, decidida por el gobierno de la señora Cristina Fernández de Kirchner, no va a devolver a Argentina “la soberanía energética”, como alega la mandataria. Va, simplemente, a distraer por un corto período a una opinión pública de los graves problemas sociales y económicos que la afectan con una pasajera borrachera de patrioterismo nacionalista, hasta que, una vez que llegue la hora de la resaca, descubra que aquella medida ha traído al país muchos más perjuicios que beneficios y agravado la crisis provocada por una política populista y demagógica que va acercándolo al abismo.
Las semejanzas de lo ocurrido a Repsol en Buenos Aires con los métodos de que se ha valido el comandante Hugo Chávez en Venezuela para nacionalizar empresas agrícolas e industriales son tan grandes que parecen obedecer a un mismo modelo. Primero, someterlas a un hostigamiento sistemático que les impida operar con normalidad y las vaya empobreciendo y arruinando y, luego, cuando las tenga ya con la soga al cuello, “quedarse con ellas a precio de saldo”, como ha explicado Antonio Brufau, el presidente de Repsol, en la conferencia de prensa en la que valoró en unos 8.000 millones de euros el precio de los activos de la empresa víctima del expolio. Durante algunos años, la opinión pública venezolana se dejó engañar con estas “recuperaciones patrióticas” y “golpes al capitalismo” mediante los cuales se iba construyendo el socialismo del siglo XXI, hasta que vino el amargo despertar y descubrió las consecuencias de esos desafueros: un empobrecimiento generalizado, una caída brutal de los niveles de vida, la más alta inflación del continente, una corrupción vertiginosa y una violencia que ha convertido a Caracas en la ciudad con el más alto índice de criminalidad de todo el planeta.
Desde hace algún tiempo, el gobierno argentino multiplica estas operaciones de distracción, para compensar mediante gestos y desplantes demagógicos, la grave crisis social que ha provocado él mismo con su política insensata de subsidios al consumo, de intervencionismo en la vida económica, su conflicto irresuelto con los agricultores y la inseguridad que han generado su falta de transparencia y constantes retoques y mudanzas de las reglas de juego en su política de precios y de reglas para la inversión. No es sorprendente que la inflación crezca, que la fuga de capitales, hacia Brasil y Uruguay principalmente, aumente cada día, y que la imagen internacional del país se haya venido deteriorando de manera sistemática.
Primero fue la guerra contra los diarios más prestigiosos del país, La Nación y Clarín, con acusaciones y amenazas que parecían preceder su secuestro y clausura —espada de Damocles que aún pende sobre ellos, pese a lo cual ambos órganos han mantenido valerosamente su independencia— y, luego, más recientemente, la resurrección del tema de las Malvinas. En la reciente cumbre de Cartagena la presidenta Fernández de Kirchner experimentó una seria decepción al no obtener de sus colegas latinoamericanos el aval beligerante que esperaba, pues éstos se limitaron a ofrecerle un apoyo más retórico que práctico, temerosos de verse arrastrados a un conflicto de muy serias consecuencias económicas en un continente donde las inversiones británicas y europeas son cuantiosas. Inmediatamente luego de ese fracaso ha venido la expropiación de Repsol, el nuevo enemigo que la jefa del Estado argentino lanza a las masas peronistas como ominoso responsable de los males que padece el país (en este caso, el desabastecimiento energético). Mínimas victorias en una guerra perdida sin remedio.
Los males que padece ese gran país que fue Argentina se deben al peronismo
En verdad, los males que padece ese gran país que fue Argentina —el más próspero y el más culto del continente desde fines del siglo XIX hasta mediados del XX— no se deben a la prensa libre y crítica, ni al colonialismo británico, ni a las empresas extranjeras que trajeron sus capitales y su tecnología al país creyendo ingenuamente que éste respetaría la legalidad y cumpliría con los contratos que firmaba su gobierno, sino al peronismo, que, con su confusa ideología donde se mezclan las más contradictorias aportaciones, el nacionalismo, el marxismo, el fascismo, el populismo, el caudillismo, y prácticamente todos los ismos que han hecho de América Latina el continente pobre y atrasado que es. Hay un misterio, para mí indescifrable, en la lealtad de una porción considerable del pueblo argentino hacia una fuerza política que, a lo largo de todas las veces que ha ocupado el poder, ha ido empobreciendo al país, malgastando sus enormes riquezas con políticas demagógicas, azuzando sus divisiones y enconos, destruyendo los altísimos logros que había alcanzado en los campos de la educación y la cultura, y retrocediéndolo a unos niveles de subdesarrollo que había dejado atrás antes que ningún otro país latinoamericano. No se necesita tener dotes de profeta para saber que la expropiación de Repsol va a acelerar esta lamentable decadencia.
Lo peor de todo es que el daño que esta injustificada medida significa no afecta sólo a Argentina, sino a América Latina en general, sembrando la desconfianza de los inversores sobre una región del mundo que, desde hace algunos años, ha emprendido en general, con pocas excepciones, el camino de la sensatez política, optando por la democracia, y del realismo económico, abriendo sus economías, integrándose a los mercados del mundo, estimulando la inversión extranjera y respetando sus compromisos internacionales. Y con resultados magníficos como los que pueden exhibir en los últimos años países como Brasil, Uruguay, Chile, Colombia, Perú, buena parte de América Central y México, en creación de empleo, disminución de la pobreza, desarrollo de las clases medias y consolidación institucional. En vez de seguir este modelo exitoso, la señora Fernández de Kirchner ha preferido enrolarse en el catastrófico paradigma del comandante Hugo Chávez y sus discípulos (Nicaragua, Bolivia y Ecuador).
Por fortuna, no toda Argentina vive hechizada por los cantos de sirena populistas del peronismo. Dentro del propio partido de gobierno hay sectores, por desgracia minoritarios, conscientes del giro anti moderno y anti histórico que ha venido adoptando el gobierno de la señora Fernández de Kirchner y de las consecuencias trágicas que tendrá ello a la corta o a la larga para el conjunto de la sociedad. En la dividida oposición ha habido en estos días, por fortuna, algunas voces lúcidas para oponerse a la euforia nacionalista con que fue recibida la noticia de la expropiación de Repsol, como la del alcalde de Buenos Aires, Mauricio Macri, quien declaró: “La expropiación nos endeuda y nos aleja del mundo. En un año estaremos peor que hoy”.
Es un augurio muy exacto. Los problemas energéticos de Argentina no son la falta de recursos, sino de tecnología y, sobre todo, de capitales. Como el país carece de ellos, debe traerlos de afuera. Y, con este precedente, no será fácil convencer a las empresas grandes y eficientes que vuelquen sus esfuerzos en un país que acaba de dar un ejemplo tan poco serio y responsable frente a sus compromisos adquiridos. A Argentina le van a llover las demandas de reparación ante todas las cortes e instituciones de comercio internacionales y sus relaciones no sólo con España sino con la Unión Europea, el Fondo Monetario Internacional, el Banco Mundial, etcétera, se han vuelto ahora conflictivas. Todo este riesgo ¿para qué? Para gozar por unos días de la grita frenética de las bandas de piqueteros eufóricos y de las loas encendidas de una prensa servil. ¿Valía la pena?
El daño que esta injustificada medida significa afecta a América Latina en general
Dentro de la América Latina de nuestros días, lo ocurrido con Repsol tiene un curioso sabor anacrónico, de fuera de época, de reminiscencia rancia de un mundo que ya desapareció. Porque, la verdad es que, de México a Brasil, aunque haya todavía enormes problemas que enfrentar —entre ellos, los principales, los de la corrupción y el narcotráfico— parecía ya superada la época nefasta del nacionalismo económico, del desarrollo hacia adentro, del dirigismo estatal de la economía que tanta violencia y miseria nos deparó. Parece mentira que tan horrendo pasado resucite una vez más y nada menos que en el país de un Sarmiento, un Alberdi y un Borges, que fueron, cada uno en su tiempo y en su campo, los adalides de la modernidad.
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© Mario Vargas Llosa, 2012.