quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Os protestos e Karl Popper

"A tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Se estendermos a tolerância ilimitada, mesmo para aqueles que são intolerantes, e se não estamos preparados para defender uma sociedade tolerante contra o ataque dos intolerantes, então os tolerante serão destruídos e tolerância com eles. - Esta formulação, não implica que devemos sempre suprimir as filosofias intolerantes, contanto que possamos combatê-las por argumentos racionais e mantê-las sob controle pela opinião pública.
Mas devemos reivindicar o direito de suprimi-las, se necessário até mesmo pela força, e isso pode facilmente acontecer se elas não estiverem preparadas em debater no nível de argumentação racional, ao começar por criticar todos os argumentos e proibindo seus seguidores de ouvir argumentos racionais, devido ela ser uma filosofia enganosa, ensinando-os a responder a argumentos com uso de punhos ou pistolas.
Devemos, portanto, reivindicar, em nome da tolerância, o direito de não tolerar os intolerantes. Devemos enfatizar que qualquer movimento que pregue a intolerância deva ser colocado fora da lei, e devemos considerar a incitação à intolerância e perseguição devido a ela, como criminal, da mesma forma como devemos considerar a incitação ao assassinato, ou seqüestro, ou para a revitalização do comércio de escravos como criminoso.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Vargas Llosa comentando Steiner e Debord

A alienação - ilusão da mentira convertida em verdade - monopolizou a vida social, transformando-a numa representação em que tudo o que é espontâneo, autêntico e genuíno - a verdade do humano - foi substituído pelo artificial e pelo falso. Nesse mundo, as coisas - mercadorias - passaram a ser os verdadeiros donos da vida, os amos que os seres humanos servem para assegurar a produção que enriquece os proprietários das máquinas e as indústrias que fabricam tais mercadorias. O espetáculo é a ditadura efetiva da ilusão na sociedade moderna (Guy Debord La Societé du Spetacle)

O cristianismo, segundo Steiner, com seus santos, o mistério da Trindade e o culto mariano, sempre foi "uma mistura híbrida de ideais monoteístas e práticas politeístas, e desse modo conseguiu resgatar algo daquela proliferação de divindades abolida pelo monoteísmo fundado por Moisés. ( George Steiner, En el castillo de Barba Azul, Aproximación a un nuevo concepto de cultura)

terça-feira, 1 de outubro de 2013

A farsa do IPCC

Representação gráfica do desenvolvimento pressuposto à temperatura média.

Em vermelho a média aritmética ano a ano. Na faixa verde a previsão para hoje feito pelo IPCC e seus parâmetros durante a década de 90 (pode se ver que não bate com a curva em vermelho da atual). Em preto o prognóstico baseado na série atual e em amarelo a série de previsão futura sem os dados falsos usados pelo IPCC.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

"Vampyroteuthis Infernalis" Vilém Fussler e Louis Bec

Esse filósofo nascido na Alemanha viveu 30 anos entre nós, e talvez devido à convivência com essa nossa realidade surreal, onde o Estado achincalha seus cidadãos e os políticos são os protagonistas dos maiores escândalos, Fussler escreveu sobre um animal fantástico e talvez inexistente, fato esse não inteiramente novo na América do Sul. Durante as muitas ditaduras recorrentes desse triste lado inferior do equador, Borges escreveu o "Livro dos Seres Imaginários" e alguns outros autores menos relevantes, mas não menos importantes colocaram bois voando e elefantes com asas durante os períodos que os mesmos identificavam como ditaduras surreais.

Claramente a "intelectualidade" sul americana pouco fez para identificar as ditaduras atuais ora em andamento. A razão, o bom senso e os valores são agora antidemocráticos uma vez que a democracia, constituído de "homens massa" elege a estupidez, a ignorância e outros predicados menos nobres.

O animal é um vampiro em forma de molusco gigante de quase 20 metros de envergadura e habita as regiões abissais. Seu nome e hábitos estão descritos no fabuloso livro; o animal vive em Mollusca.

Desconheço, se como aqui, o vampiro molusco governou Mollusca por 8 anos e depois nomeou um golem para continuidade, ainda estou no início do livro.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Brasil rumo ao totalitarismo

O Brasil já vive sob um criminoso regime de exceção, sem que a população esboce qualquer reação para impedir o capítulo final do golpe que levará o País ao bolivarianismo chicaneiro que derrete a vizinha Venezuela e outros países latino-americanos. O estado letárgico das mentes, a “impressão” que isso não passa de “política partidária” faz o país, ou o que resta dele, trilhar o caminho que levou o totalitarismo ao poder em países europeus, do leste asiático e as repúblicas de banana aqui vizinhas. A ausência de propósito de sua própria existência, seu aculturamento brutal faz do povo brasileiro a vítima da vez para esse tipo de regime.
As manifestações de junho foram o grito agonizante do doente, sem nomear seu inimigo, que os manifestantes elegeram, reelegeram e depois elegeram quem ele mandou votar, produziu o estado vexatório, sem rosto (não eram mais caras pintadas, eram caras tapadas pela vergonha do mal feito nas urnas).
A não-lembrança da História (proposital ou não) realmente, não permite ao Homem entender o que está vivendo, como um sapo que colocado em uma panela de água fria, e posteriormente no fogo, irá morrer cozido e feliz.
No momento em que a interpretação da legislação vigente se dá de acordo com quem está sendo julgado, é porque o Estado de exceção já se instalou, aniquilando o Estado de direito. O primeiro e maior exemplo dessa situação viu-se na sessão de quarta-feira (11 de setembro) do Supremo Tribunal Federal, durante a discussão sobre a admissibilidade, por parte da Corte, dos embargos infringentes na Ação Penal 470 (Mensalão do PT).
Para resumir, a banda amestrada do STF ignorou uma lei que extinguiu o embargo infringente no julgamento de ação penal, fazendo prevalecer uma norma do regimento interno da Corte. Algo como fazer da convenção do condomínio a Carta Magna da nação. Para sermos mais específico, a legislação penal classifica como crime o homicídio, mas o síndico do prédio aceita que assassinatos sejam cometidos em seus domínios.
O que o Brasil presenciou no plenário do Supremo foi o atropelamento da Constituição Federal e a criação do duplo grau de jurisdição em instância última da Justiça brasileira. Isso porque na alça de mira dos presídios estão alguns políticos bandoleiros, como José Dirceu de Oliveira e Silva, José Genoino Neto, Delúbio Soares de Castro, João Paulo Cunha e outros bandoleiros mais.
Sem dúvida de qualquer espécie isso configura regime de exceção, pois a mesma interpretação não teria lugar se o réu fosse um cidadão comum acusado pelo roubo de um pote de margarina.
Na esfera da gestão, vítima do aparelhamento pelo PT, a Petrobras foi a principal prejudicada junto com a Eletrobras. Entregaram os ativos da Petrobras na Bolívia, e agora face à gestão temerária imprimida na empresa, seus ativos estão sendo passado a terceiros. O programa do etanol, primeiro combustível renovável conhecido do planteta foi praticamente extinto. Usinas sucateadas com o gradativo desaparecimento de 45000 empregos. As estradas estão fora de padrões mínimos de segurança, e a saúde passa por um momento de quase anarquia.
Mas o escárnio jurídico que vem aviltando a democracia brasileira não se limita ao Supremo. Sob o comando do petista Luís Inácio Adams, a Advocacia-Geral da União conseguiu reverter uma decisão da Justiça cearense que em decisão primeira concedeu ao Conselho Regional de Medicina do estado o direito de não conceder o devido registro profissional aos médicos estrangeiros que não se submeteram ao exame conhecido como “Revalida”. PASMEM: Com a atuação da AGU, a Justiça do Ceará determinou que o CRM estadual deve conceder o tal registro aos médicos estrangeiros que não tiveram o diploma revalidado, mas apenas aos profissionais que participam do programa “Mais Médicos”.
Ou seja, os médicos estrangeiros que quiserem trabalhar no Ceará, fora do programa do “Mais Médicos”, deve, seguir o que determina a lei. Isso é regime de exceção. Como se no Ceará matar com uma faca que traz o brasão da Presidência não fosse crime.
O Brasil está a poucos passos de um caminho sem volta. Pergunto-me, como pergunto a Pat SE ainda é possível barrar essa quadrilha que tomou o País de assalto, afinal ainda temos um filho pequeno e deverá haver um país, pelo menos decente, onde ele possa viver.

Sérgio Sampaio (roda morta)

O triste nisso tudo é tudo isso
Quer dizer, tirando nada, só me resta o compromisso
Com os dentes cariados da alegria
Com o desgosto e a agonia da manada dos normais.
O triste em tudo isso é isso tudo
A sordidez do conteúdo desses dias maquinais
E as máquinas cavando um poço fundo entre os braçais, eu mesmo e o mundo dos salões coloniais.
Colônias de abutres colunáveis
Gaviões bem sociáveis vomitando entre os cristais
E as cristas desses galos de brinquedo
Cuja covardia e medo dão ao sol um tom lilás.
Eu vejo um mofo verde no meu fraque
E as moscas mortas no conhaque que eu herdei dos ancestrais
E as hordas de demônios quando eu durmo
Infestando o horror noturno dos meu sonhos infernais.
Eu sei que quando acordo eu visto a cara falsa e infame como a tara do mais vil dentre os mortais
E morro quando adentro o gabinete
Onde o sócio o e o alcaguete não me deixam nunca em paz
O triste em tudo isso é que eu sei disso
Eu vivo disso e além disso
Eu quero sempre mais e mais.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Paris em dois tempos


Praça Maulbert, onde Etienne Dolé foi queimado junto com suas obras em 1542. Abaixo aspecto da exposição do Centre Pompidou

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Fernando Pessoa

O grande poeta português Fernando Pessoa já condenava, através de seu heterônimo Alberto Caeiro, o conjunto de bobagens que hoje chamamos de "politicamente correto". Eis um poema politicamente incorreto avant la lettre:

Ontem o pregador de verdades dele
Falou outra vez comigo.
Falou do sofrimento das classes que trabalham
(Não do das pessoas que sofrem, que é afinal quem sofre).
Falou da injustiça de uns terem dinheiro,
E de outros terem fome, que não sei se é fome de comer.
Ou se é só fome da sobremesa alheia.
Falou de tudo quanto pudesse faze-lo zangar-se.

Que feliz deve ser quem pode pensar na infelicidade dos outros!
Que estúpido se não sabe que a infelicidade dos outros é deles,
E não se cura de fora,
Porque sofrer não é ter falta de tinta
Ou o caixote não ter aros de ferro!

Haver injustiça é como haver morte.
Eu nunca daria um passo para alterar
Aquilo a que chamam a injustiça do mundo.
Mil passos que desse para isso
Eram só mil passos.
Aceito a injustiça como aceito uma pedra não ser redonda,
E um sobreiro não ter nascido pinheiro ou carvalho.

Cortei a laranja em duas, e as duas partes não podiam ficar iguais
Para qual fui injusto – eu, que as vou comer a ambas?

Tu, místico, vês uma significação em todas as cousas.
Para ti tudo tem um sentido velado.
Há uma cousa oculta em cada cousa que vês.
O que vês, vê-lo sempre para veres outra cousa.

Para mim, graças a ter olhos só para ver,
Eu vejo ausência de significação em todas as cousas;
Vejo-o e amo-me, porque ser uma cousa é não significar nada.
Ser uma cousa é não ser susceptível de interpretação.