domingo, 17 de janeiro de 2016

Férias


Entrei na sede da fazenda com as botas encharcadas que me lembravam das frieiras com seus germes nadando nas meias molhadas.

Coloquei a espingarda no lugar errado e abri a geladeira. Peguei uma garrafa d’água.

Uma sucupira encontrava-se sentada na poltrona da sala. De pernas cruzadas, me olhou com tédio.

- Temos um jeito de acabar com as frieiras – disse o monstro.

O homem que tinha medo de alma penada estava de pé, à frente da porta ao fundo da grande sala, segurava um lençol e um facão. Ficou ali me olhando com curiosidade.

- Mas vosmecê tem de ser corajoso e crente, sinhô – disse a sucupira.

Uma guerra e uma lágrima me chamaram a atenção, mas voltei às palavras da sucupira.

- Arrume um cobertor, um pouco de cachaça e fogo. Cubra a cabeça com o cobertor. Molhe as frieiras com a cachaça e coloque fogo. O Sinhô deve apagar o fogo abafando com o cobertor quando sentir dor.

Agora dois cardumes de maçambê passaram por sobre minha cabeça. Cavalas e gaivotas os perseguiam. Todos de argila.

Desconheço, ó amiguinhos, por quanto tempo fiquei no alto da casa flertando com as palmas dos coqueiros, lindas maquiadas pela luz do sol. Bom, “tenho de viajar”, resolvi descendo para o mangue em busca do portal inoxidável, ortogonal e quântica.  Criaturas jovens e perfeitas flanavam na superfície da água. Guardavam o portal.com. br.

- Posso passar por ali?

- Mostre suas armas – disse um deles.

Somos três cavaleiros dispostos a tomar a cidadela inimiga. Os sitiados arremessam óleo aquecido em nosso caminho. Cavalos perdidos e, portanto, seguimos a pé, com o flautista à frente, em busca do mago.

Apresentamos as três garrafas de banho de descarrego, as sereias balançaram os cabelos e o portal se abriu.

 Água quente com peixes nervosos, ocupados com seus negócios me mordiam os pés.

 

 

 

 

 

 

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