Entrei na sede da fazenda com as botas encharcadas que me
lembravam das frieiras com seus germes nadando nas meias molhadas.
Coloquei a espingarda no lugar errado e abri a geladeira.
Peguei uma garrafa d’água.
Uma sucupira encontrava-se sentada na poltrona da sala. De
pernas cruzadas, me olhou com tédio.
- Temos um jeito de acabar com as frieiras – disse o
monstro.
O homem que tinha medo de alma penada estava de pé, à frente
da porta ao fundo da grande sala, segurava um lençol e um facão. Ficou ali me
olhando com curiosidade.
- Mas vosmecê tem de ser corajoso e crente, sinhô – disse a
sucupira.
Uma guerra e uma lágrima me chamaram a atenção, mas voltei
às palavras da sucupira.
- Arrume um cobertor, um pouco de cachaça e fogo. Cubra a
cabeça com o cobertor. Molhe as frieiras com a cachaça e coloque fogo. O Sinhô
deve apagar o fogo abafando com o cobertor quando sentir dor.
Agora dois cardumes de maçambê passaram por sobre minha cabeça.
Cavalas e gaivotas os perseguiam. Todos de argila.
Desconheço, ó amiguinhos, por quanto tempo fiquei no alto da
casa flertando com as palmas dos coqueiros, lindas maquiadas pela luz do sol. Bom,
“tenho de viajar”, resolvi descendo para o mangue em busca do portal inoxidável,
ortogonal e quântica. Criaturas jovens e
perfeitas flanavam na superfície da água. Guardavam o portal.com. br.
- Posso passar por ali?
- Mostre suas armas – disse um deles.
Somos três cavaleiros dispostos a tomar a cidadela inimiga.
Os sitiados arremessam óleo aquecido em nosso caminho. Cavalos perdidos e,
portanto, seguimos a pé, com o flautista à frente, em busca do mago.
Apresentamos as três garrafas de banho de descarrego, as
sereias balançaram os cabelos e o portal se abriu.
-